Arquivo da categoria ‘Ella Fitzgerald’

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Há se o o título ai de cima fosse atual?! Há que bom que pelo menos algumas pessoas viessem ao mundo e nunca nos deixasse. Uma delas seria sem dúvida Ella.

Eu só tinha 12 anos nos idos de 1971 e não pude assistir ao show, mas a deusa do Jazz esteve em terras tupiniquins e encantou a todos.

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O Jo Soares, além de ser um dos maiores humoristas deste planeta, escritor de sucesso, apresentador impagavel, e músico fantástico – devo ter esquecido de muitas outras coisas – é sem dúvida um profundo conhecedor de Jazz. Por isso, eu “peguei emprestado” do site do Jô este texto abaixo.

O jazz foi criado pelos negros no início do século, no delta do Mississippi e em New Orleans.

A música de jazz tem três características principais:

  • O swing. Balanço. Maneira de tocar.
  • O improviso, ou individuação.
  • Solos improvisados que se seguem ao tema.

A comunicação, ou função de ritual, herdada das reuniões de igreja, onde a participação da platéia é fundamental.

O jazz surge primeiro em jam sessions, onde músicos e platéias se integram. Músicos que vem para solar de improviso seus instrumentos e uma platéia que participa batendo os pés e as mãos. Os músicos de jazz inclusive encorajam a participação da platéia.

Origem

A música do jazz tem suas origens nos cantos dos escravos, usados em cerimônias tribais, religiosas, antes da caça, no nascimento de crianças, enfim, tudo era festejado com música cantada e com um instrumento fundamental: o tambor.

Durante a escravatura e o mercado de escravos, os negros eram inclusive encorajados a cantar. Os mercadores e donos de escravos achavam que a música e a dança deixavam os negros em melhor forma. Alguns fazendeiros, no entanto, proibiam o uso de tambores, porque achavam que eles podiam ser usados como meio de mandar mensagens numa revolta generalizada.

Do encontro do ritmo e canções africanas, da África Ocidental, e a música dos americanos de origem européia, como as marchas, surgiram os spirituals, o blues e o ragtime. O ragtime está na origem do jazz. O ritmo era diferente, parecia-se mais com o ritmo das marchas. As primeiras bandas de jazz, como as de King Oliver e Buddy Bolden, tocavam ragtime. O primeiro, ou um dos primeiros a mudar a batida para 4/4 em vez do 2/4, foi Jelly Roll Morton.

Do blues, o jazz pegou a chamada “blue note”, que é aquela nota semitonada, que dá a característica melancólica do blues. Antes de ser chamado de jazz, com dois “z” ou jass, com dois “s”, como era no início, a maneira diferente de tocar e dividir o ragtime, era simplesmente chamada de “hot”, quente.

Tocar “hot”, ou tocar quente, era tocar jazz, pela sua característica de comunicação com a platéia, que era fundamental: o jazz, desde cedo, era visto como espetáculo. Seguia assim a tradição dos minstrels do ragtime, artistas negros, que se apresentavam em teatros e feiras e que, por incrível que pareça, apesar de negros, pintavam o rosto de preto.

A música de jazz propriamente dita, surgiu mais precisamente em New Orleans, na chamada “zona”. Era nos bordéis, que tinham música ao vivo na época, não me perguntem pra quê, que os músicos desenvolveram a maneira “hot” de tocar. No caso do blues, por exemplo, vários deles têm como tema histórias acontecidas entre as prostitutas e seus cafetões. O blues “St. James Infirmary” conta a história de um cafetão que vai ao hospital e encontra a sua “mina” morta. Ele, então, faz uma série de elogios à capacidade profissional da sua mulher.

Nesse bordéis é que tocavam gênios da música negra como Jelly Roll Morton, Sidney Bechet e Louis Armstrong. Armstrong aprendeu a tocar para entrar na banda de uma escola correcional onde ele foi parar por ter dado um tiro na rua. Como a vida do pessoal da banda era mais fácil, ele tratou de entrar logo para ela.

Lá aprendeu a tocar com um defeito de postura que depois lhe valeu um calo na boca. Às vezes, ele mesmo aparava este calo com uma gilete. Imaginem o perigo! O calo era tratado com uma pomada feita especialmente para ele por um médico particular. Armstrong se formou depois tocando nos bordéis da zona de New Orleans. Tinha um certo fascínio pelas prostitutas: chegou a ser casado com uma.

Quem teve grande influência na parte de harmonia no jazz em sua fase de formação foram os músicos crioulos. Que não eram os nossos crioulos. Creole, era como chamavam os mestiços dos negros com os colonizadores franceses.

As primeiras formações tradicionais de banda de jazz eram compostas de corneta, clarineta, trombone, banjo ou guitarra, contrabaixo, bateria e piano. Sendo que muitas bandas não tinham nem piano nem contrabaixo. O baixo era marcado pelo bumbo do baterista. O cornetista era sempre o principal solista do conjunto.

No começo a banda evoluía em torno dos solos do cornetista. Em 1910, o jazz já era ouvido com interesse e tocado por músicos brancos e, a partir de 1920, passou a ter uma grande penetração entre as platéias brancas. Aliás, foi a partir de 1920 que o jazz passou a ser uma música mais “respeitável”.

Depois da Primeira Guerra Mundial, os brancos americanos descobriram um novo estilo de vida e, nessa época, começa a se firmar a indústria do show business no cinema, no teatro, nos shows e na música. Há também uma grande emigração negra para as grandes cidades como Chicago e Nova York: público negro, formado por gente que ia para as grandes cidades em busca de melhores empregos e músicos negros que iam em busca do dinheiro daqueles que iam para as grandes cidades em busca de melhores empregos.

A partir de 1920, o jazz também viaja pelo mundo. Orquestras vão para a Europa e excursionam pela América do Sul. É quando desembarca no Brasil o saxofonista Booker Pittman, pai da Eliana Pittman, que acaba ficando no Paraná. Também não me perguntem por quê.

Da mesma forma, muitos bluzeiros saem do delta do Mississippi para Chicago nesta mesma época. O jazz é visto como o centro destas mudanças na sociedade americana, desta liberalização, tanto que os anos 20, ou roaring twenties, ficam sendo conhecidos como “a era do jazz”.

Outro fato que contribuiu muito, por tabela, para o desenvolvimento do jazz, foi a lei seca de 1920, lei que proibia a venda e o consumo de bebidas alcoólicas. A grande maioria dos americanos era contra a lei seca simplesmente porque queriam beber, mas os intelectuais e artistas viam a lei como um resíduo terrível da Era Vitoriana, inteiramente contra os ideais liberais dos novos tempos.

Esta “nova era” implicava também em mudanças culturais e sociais por parte da vanguarda intelectual, e durante esse período surgiu um enorme interesse pelos negros e especialmente pelos espetáculos negros. Convém lembrar que, na época, a música de jazz ainda não era considerada pela maioria como uma forma de arte. Os speakeasies, cabarés onde se vendiam as bebidas ilegais, eram tidos como românticos e a música de jazz a ideal para esses cabarés.

Na época, só os artistas e intelectuais é que sacaram a imensa contribuição artística e cultural da nova música dos negros. Outro fenômeno muito forte para o desenvolvimento do jazz nessa época foi a dança, que até o século passado era uma complicação: na maior parte quadrilhas e danças de conjunto. Agora não. A dança era realizada por duplas, por casais. Como a dança moderna incluía o contato quase sexual dos corpos dos pares, é claro que a moda pegou. Houve uma onda de enormes salas de dança e de cabarés.

Como o jazz dava vontade de dançar, era uma música que sacudia com as pessoas, o mercado para bandas de jazz era grande. Além de tudo, para os jovens do pós-guerra, o jazz era um símbolo de rebelião contra a velha moralidade. Este é outro dado fundamental: para a maioria dos jazzistas, o verdadeiro jazz tem que dar vontade de dançar.

A popularização do jazz nessa época também se deve ao desenvolvimento da indústria de discos, que a partir dos anos 20 eram produtos obrigatórios nos lares americanos. Os discos permitiam que as pessoas dançassem sem sair de casa.

Já se viu, então, que foi a partir de 1920 que o jazz viajou para as grandes cidades americanas. Primeiro, Chicago, onde a política e a administração eram dominadas pelas gangues que operavam na venda ilegal de bebidas. A banda de King Oliver trouxe Louis Armstrong de New Orleans, que chegou a tocar em vários cabarés ou speakeasies de Al Capone.

Como Louis Armstrong se destacava muito na banda de King Oliver, também trompetista, acabou tendo que ir para Nova York e, graças aos seus fantásticos dons de showman, tocando e cantando, acabou contribuindo de uma forma importantíssima e definitiva para o desenvolvimento do jazz. Aliás, dois nomes se destacam nesta época como vanguardeiros e responsáveis pela popularização do jazz. Os dois são trompetistas: Louis Armstrong e Bix Beiderbecke.

Bix Beiderbecke, o primeiro grande trompetista branco de jazz e Louis Armstrong, integrando a banda de Fletcher Henderson em Nova York. Fletcher Henderson não era um músico extraordinário, mas teve o grande mérito de se cercar dos melhores músicos e arranjadores de jazz. Mais tarde, Bix Beiderbecke participou da banda de Paul Whiteman, que era muito mais uma orquestra de dança do que de jazz. Como na época não se sabia muito bem o que era jazz, Paul Whiteman acabou conhecido como o “rei do jazz”, título que foi dado a ele por ele mesmo.

A importância do Paul Whiteman é que ele e a sua banda foram os primeiros a venderem 3.500.000 discos, com a música “Three O’Clock In The Morning.” Para se ter uma idéia do que era vender 3.500.000 cópias naquela época, basta dizer que no país inteiro só existiam 3.500.000 vitrolas. Quer dizer, foi vendido um disco para cada vitrola existente no país.

A partir desta época, já beirando os anos 30, e por causa das orquestras de Fletcher Henderson e de Paul Whiteman é que começa a surgir o jazz sinfônico, precursor da era das grandes bandas. Grandes orquestras de jazz começam a surgir nesse momento, como as de Duke Elligton e de Ben Pollack. Em Chicago, o blues urbano começava a se desenvolver com os grandes bluzeiros do delta do Mississippi. O jazz e o blues sempre caminhando juntos.

Aliás, para muitos, jazz e blues são a mesma coisa. Não são. São irmãos. Digamos que todo jazzeiro toca blues mas nem todo bluzeiro toca jazz. Ou vice-versa. Billie Holiday, uma das maiores cantoras de todos os tempos dizia que era muito mais uma cantora de jazz do que uma cantora de blues. O blues, que nunca sai da moda, mesmo quando transformado em rhythm and blues, guarda um lado mitológico que traz do delta do Mississippi. Ainda hoje, quando um guitarrista ou gaitista é excelente, dizem que ele vendeu a alma ao diabo. Falavam isso nos anos 30, do guitarrista, compositor e cantor Robert Johnson, que morreu envenenado por um marido ciumento aos 27 anos de idade.

O blues também não tem fronteiras. No Brasil temos grupos de blues como o Blues Etílicos e solistas e compositores como o bluzeiro André Cristovam, bluzeiro para ninguém do Mississippi botar defeito.

A partir de 1935, começaram a surgir as grandes bandas da era do swing. A primeira e mais importante orquestra foi a de Benny Goodman. Inclusive por ser a primeira banda composta por músicos brancos e negros. Era a primeira orquestra integrada, o que na época era uma atitude muito corajosa e inovadora. Até então, as orquestras eram só de negros ou só de brancos.

Outras orquestras importantes da época foram as de Count Basie, Tommy Dorsey, Duke Ellington e Glenn Miller. É preciso dizer que a orquestra de Glenn Miller e a de Tommy Dorsey, uma das mais populares da época, não era tipicamente de jazz. Eram orquestras de baile, que tocavam principalmente todo o repertório popular da época mas com uma maneira jazística de tocar. Por isso mesmo, várias composições dessas bandas acabaram se tornando hits populares de jazz.

Uma data muito importante e definitiva deste período: 16 de janeiro de 1938. Nesse dia houve o primeiro grande concerto de jazz no teatro Carnegie Hall em Nova York. Benny Goodman e músicos das orquestras de Duke Ellington e de Count Basie. Nesses anos áureos do jazz, os chefes de orquestra tinham a mesma popularidade dos astros de cinema e chegaram a participar de filmes importantes da época.

A partir dos anos 30, o jazz já tinha uma platéia branca enorme. Acontecia inclusive um fenômeno terrível. Os negros tocavam e trabalhavam em lugares como o Cotton Club, para platéias brancas, no Harlem, mas os negros eram proibidos de freqüentar o lugar como público. Uma vez, Louis Armstrong, já famoso, teve que ficar escondido na coxia do Cotton Club para assistir à banda do Duke Ellington.

No Cotton Club, surgiu também um grande showman do jazz. Cab Calloway. Cantor, bailarino e chefe de orquestra. Dava um show formidável, fazendo a platéia participar do espetáculo. O jazz influenciava também os grandes compositores americanos como Gershwin, que chegou a escrever uma ópera negra: “Porgy and Bess”, de grande sucesso.

Cab Calloway participou de uma das montagens vivendo o papel de “Sporting Life,” um cafetão de Nova York que vai ao sul em busca de mulheres. Dos vários temas imortais desta ópera, vale lembrar “Summertime” e “It Ain’t Necessarily So”. O jazz, cada vez mais, se transformava em espetáculo e aí se percebe também uma outra faceta importante:

O humor no jazz

As apresentações de Louis Armstrong tinham um lado forte de humor. Assim como as apresentações de Lionel Hampton e Cab Calloway, mas o grande artista e criador no gênero foi Slim Gaillard. Formou com Slam Stewart a dupla “Slim and Slam”, e depois com Bam Brown, “Slim and Bam”.

Slim Gaillard era cantor, guitarrista, pianista, percussionista e compositor. Slim inventou uma maneira especial de falar, o vout. Uma língua louca. Participou do primeiro filme de humor nonsense americano: “Hellzapoppin”. Era um artista completo e irreverente. Ele transformava tudo em jazz: menu de restaurante árabe, cacarejar de galinhas, latidos etc. Slim Gaillard e Slam Stewart participaram também do nascimento de outro período do jazz nos anos 40:

O bebop

O bebop, ou bop, era um estilo mais rápido de tocar, com improvisos em escalas mais altas dos instrumentos e tem, entre os seus criadores, dois dos maiores músicos de jazz de todos os tempos: Charlie Parker, também conhecido como “The Bird” e Dizzy Gillespie. O bebop se desenvolveu depois da Segunda Guerra Mundial e teve o seu apogeu nos anos 50.

O bop marca a volta dos pequenos grupos de jazz, que tocavam nas boates de jazz da rua 52, entre a 5ª e 6ª avenida em Nova York. Uma delas passou a se chamar Birdland, em homenagem a Charlie Parker. Nesta época, se notabilizaram músicos como Lester Young, saxofonista; Roy Eldridge, trompetista; Coleman Hawkins, saxofonista; Art Tatum, pianista; e a cantora Billie Holiday.

A influência desses músicos na sociedade americana e no mundo inteiro foi enorme. Principalmente entre os jovens, que até queriam se vestir como eles. Nos anos 50, surge também um outro movimento:

O cool jazz

O cool é uma música de jazz com harmonias mais avançadas, com influências de clássicos como Stravinsky e Debussy. O cool jazz começa a se desenvolver mais entre os intérpretes brancos, com orquestras como a de Stan Kenton e de Woody Herman.

Na Califórnia, surge também um ramo do cool jazz chamado de west coast jazz. São grupos pequenos como o de Gerry Mulligan com Chet Baker. Também um sofisticadíssimo conjunto negro – o primeiro a tocar jazz de casaca – o superelaborado Modern Jazz Quartet, com o pianista John Lewis e o vibrafonista Milt Jackson. Lewis trazendo para o jazz influências da música renascentista e barroca, composições influenciadas por Johann Sebastian Bach.

Logo depois, Dave Brubeck, com o sax alto Paul Desmond. Tocado nos campus das universidades, era considerado um jazz de elite, informado. Nesta época surge também Miles Davis, outro dos grandes trompetistas de jazz.

Falando em trompetistas há que se dar um destaque especial para Chet Baker, um dos mais extraordinários trompetistas de todos os tempos, também cantor de jazz. De certa forma, pode-se dizer que Chet Baker é um inspirador da bossa nova. Depois de alcançar imenso sucesso comercial, Chet Baker acabou arruinado pelas drogas.

Durante todo esse período, fazia muito sucesso uma forma de jazz conhecida como mainstream, com intérpretes como o trompetista e cantor Roy Eldrigde, responsável pela ponte entre o swing e o bop. O mainstream, jazz supersuingado que se toca até hoje, tem características modernas sem perder o balanço da sua origem. Roy Eldridge era outro showman completo. Tinha uma personalidade impressionante e Gillespie costumava dizer que só criou um estilo próprio quando viu que não conseguia imitar Roy Eldridge.

O estilo mainstream, no fundo uma mistura de estilos, é a forma democrática que permitiu que músicos de várias correntes toquem na mesma jam session. É o gosto do improviso que nos deixa, amantes do jazz e do blues, sempre ligados nessa que é a verdadeira música clássica deste século.

Não há, em todo mundo, compositores e intérpretes dos nossos dias que não tenham sido influenciados pelo jazz, essa grande forma de arte criada pelos negros em New Orleans, logo ali, na Bourbon Street, depois da esquina.

Alguns de meus artistas e orquestras preferidos:

Orquestras
Duke Ellington, Cab Calloway, Benny Goodman, Count Basie, Stan Kenton

Trompete
Louis Armstrong, Tommy Ladnier, Roy Eldridge, Chet Baker, Miles Davis, Wynton Marsalis

Sax Tenor
Lester Young, Coleman Hawkins, John Coltrane

Sax Alto
Charlie Parker, Paul Desmond, Phil Woods

Sax Barítono
Gerry Mulligan

Bateria
Gene Krupa, Max Roach, Shelly Manne

Guitarra
Django Reinhardt, Barney Kessel

Violino
Stephane Grappelli

Piano
Teddy Wilson, Art Tatum, Thelonius Monk, Oscar Peterson, Diana Krall

Contrabaixo
Slam Stewart, Major Holley, Ron Carter, Charlie Mingus

Cantor
Louis Armstrong, Joe Williams

Cantora
Billie Holiday, Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Anita O’Day, Ernestine Anderson, Blossom Dearie, Diana Krall, Cassandra Wilson

Primeiro Multimídia
no Jazz Slim Gaillard

O que estou ouvindo no momento:

  1. Diane Schuur – “In Tribute”
  2. Helen Merrill – “Dream of You”
  3. Ernestine Anderson – “Blues, Dues & Love News”
  4. Diana Krall – “When I Look in Your Eyes”
  5. Chet Baker – “My Funny Valentine”
  6. Slim Gaillard – “Opera in Vout”
  7. Roy Eldridge – “Happy Time”
  8. Clifford Brown – “Jazz ‘Round Midnight”
  9. Stephane Grappelli – “Fine and Dandy”
  10. John Pizzarelli – “Meet the Beatles”

Matéria publicada no site do Jo.

Vídeos encontrados segundo a lista do Jo

Diane Schuur – Love Dance

Helen Merrill, I’m A Fool To Want You

Ernestine Anderson – I Want a Little Boy

Diana Krall – Fly me to the moon

Chet Baker Tokyo ‘ 87 – My Funny Valentine

Slim Gaillard Trio 1946

Roy Eldridge & Ella Fitzgerald

Clifford Brown on Soupy Sales TV Show

Stephane Grappelli plays Gershwin

John Pizzarelli na Korea .Desafinado

Para homenagear outro gênio brasileiro, assista o vídeo abaixo.

Chico Anysio no Jo Soares é Imperdível.

HELTON RIBEIRO
Colaboração para Folha Online

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Ella Fitzgerald foi a mais popular e uma das melhores cantoras do jazz, ao lado de Billie Holiday e Sarah Vaughan. Apesar disso, não se considerava uma jazzista, pois a música popular tinha lugar cativo no seu repertório.

Com voz privilegiada, dicção clara, grande alcance vocal e espantosa habilidade para o scat singing (canto sem palavras), ela improvisava sobre temas dos Beatles, de Stevie Wonder e dos musicais da Broadway. Por isso, era chamada de “A primeira dama da canção”.

Ella Jane Fitzgerald nasceu em Newport News, Virgínia, em 25 de abril de 1917. Seus pais se separaram, e ela foi para Nova York com a mãe, que morreu quando a menina tinha 15 anos, sendo adotada por uma tia.

Com apenas 17 anos, já cantava à frente da orquestra de Chick Webb, com a qual gravou uma versão imortal de “A-Tisket, A-Tasket”. Aos 22, assumiu a direção da orquestra quando o líder morreu.

Começou a gravar como artista solo em 42. Aproximou-se do nascente bebop, gravando jóias como “How High the Moon” e “Lady Be Good”. Em 56, seu sucesso impulsionou o recém-fundado selo Verve, que se tornaria um dos mais importantes do jazz. Essa foi uma de suas melhores fases, com a série de dez songbooks dedicados aos grandes compositores da música popular americana: Cole Porter, Rodgers & Hart, os irmãos Gershwin, Duke Ellington etc.

Desde essa época, ela gravou com Ellington, Louis Armstrong, Count Basie e outros nomes de primeira grandeza. A série de LPs com Armstrong também figura entre seus melhores trabalhos. Nos anos 70, sua voz começou a declinar devido ao diabetes. Em 86, ele teve que operar as coronárias e, em 93, suas pernas foram amputadas por causa da doença. Em 15 de junho de 96, a diva morreu em casa, em Beverly Hills, Califórnia.

Contexto histórico

Mesmo artistas famosos não estavam livres da discriminação racial nos turbulentos anos 50. Ella conta um caso emblemático em sua autobiografia.

Seu empresário, Norman Granz, que criaria a gravadora Verve, era intransigente na defesa de tratamento justo para os contratados, independente de cor. No sul, onde o preconceito era maior, isso lhe trazia muitos problemas.

Ele dirigia o famoso projeto Jazz at the Philharmonic, um festival itinerante onde grandes nomes do jazz iam se revezando. Num desses eventos, em Dallas (Texas), a polícia resolveu “dar uma lição” naqueles negros abusados. Invadiu o camarim de Ella em busca de algum flagrante que comprometesse os músicos.

E deu sorte: naquele momento, Dizzy Gillespie e o saxofonista Illinois Jacquet jogavam dados no camarim de Ella. Todos foram detidos. “Eles nos levaram [à delegacia] e, quando chegamos lá, tiveram a cara-de-pau de pedir autógrafos”, relatou a cantora.

Curiosidades

 

  • A amizade com Marilyn Monroe Em sua autobiografia, Ella revelou que a amiga e fã Marilyn Monroe deu um empurrãozinho em sua carreira. A pin-up prometeu ao dono do Mocambo, uma importante casa de shows nos anos 50, que, se ele contratasse a cantora para uma temporada, Marilyn iria aos shows todas as noites, atraindo atenção da imprensa para a casa. Acordo feito, não só a casa como também Ella freqüentaram por vários dias o noticiário. “Depois disso, nunca mais precisei cantar em pequenos bares”, contou.
  • Casamento musical A cantora foi casada entre 48 e 52 com Ray Brown, um dos maiores contrabaixistas da história. Durante esse período, o trio de Brown passou a acompanhá-la. Mesmo após a separação, eles gravaram vários discos juntos.
  • Números Ella gravou mais de 200 discos, que venderam 40 milhões de cópias. Ganhou 13 Grammys e se apresentou 26 vezes no Carnegie Hall, a mais famosa casa de shows dos Estados Unidos.
  • Imitações Sua habilidade vocal lhe permitia imitar o que quisesse, principalmente instrumentos e outros artistas: em “Mack the Knife”, ela encarna Louis Armstrong; em “Lady Be Good”, simula um violoncelo, e, numa gravação ao vivo de “One Note Samba (Samba de Uma Nota Só)”, “toca” cuíca.

Contexto histórico

Mesmo artistas famosos não estavam livres da discriminação racial nos turbulentos anos 50. Ella conta um caso emblemático em sua autobiografia.

Seu empresário, Norman Granz, que criaria a gravadora Verve, era intransigente na defesa de tratamento justo para os contratados, independente de cor. No sul, onde o preconceito era maior, isso lhe trazia muitos problemas.

Ele dirigia o famoso projeto Jazz at the Philharmonic, um festival itinerante onde grandes nomes do jazz iam se revezando. Num desses eventos, em Dallas (Texas), a polícia resolveu “dar uma lição” naqueles negros abusados. Invadiu o camarim de Ella em busca de algum flagrante que comprometesse os músicos.

E deu sorte: naquele momento, Dizzy Gillespie e o saxofonista Illinois Jacquet jogavam dados no camarim de Ella. Todos foram detidos. “Eles nos levaram [à delegacia] e, quando chegamos lá, tiveram a cara-de-pau de pedir autógrafos”, relatou a cantora.

Sites relacionados

 

  • www.ellafitzgerald.com – o site oficial tem uma seção de notícias bastante atualizada, além de biografia, discografia, filmografia, citações e fotos.
  • www.ellafitzgeraldfoundation.org – o site da Fundação Ella Fitzgerald, criada pela cantora para ajudar pessoas carentes, tem curiosidades sobre a artista (como o hábito de colecionar livros de culinária) e uma seção onde os internautas relatam histórias pessoais envolvendo a estrela. Uma ex-camareira de hotel conta que, em 1974, foi limpar um quarto e deu de cara com Ella, que a convidou para sentar e assistir à televisão.
  • www.redsugar.com – o site tem uma das mais extensas biografias da diva disponíveis na internet.

A matéria acima foi publicada na Folha. Acesse aqui, leia o original e compre a coleção, é imperdível.

Walter

Uma justa homenagem à nossa eterna Ella Fitzgerald. Neste vídeo, Natalie Cole interpreta Ella com uma performance maravilhosa. E se não bastasse, é acompanhada por Waine Shorter, Herbie Hancock e Bunny Brunel.

Este e outros vídeos com Natalie Cole podem ser encontrados aqui no My Bands. Boa diversão.

Ella Fitzgerald

Publicado: 30/04/2007 em Ella Fitzgerald, Jazz

A genial Ella Fitzgerald

Ella FitzgeraldElla Fitzgerald nasceu no dia 25 de abril de 1917 em Newport News, Virginia, em uma família muito humilde. Não há referências sobre seu pai. Sua mãe era lavadeira e voltou a casar-se com um português. Quando ainda era pequena, a família se mudou para Yonkers, uma localidade de New Jersey, situada diante de New York, na outra margem do rio Hudson. Não existem detalhes sobre essa época de sua vida. Sabe-se que, na adolescência, uma Ella grande e gordinha, sonhava em ser dançarina e não dava grande importância ao seu talento natural como vocalista.

Aos 16 anos, animada pela mãe, inscreve-se para concorrer como dançarina no famoso Amateur Night Show. Porém, ao pisar no palco, fica paralisada de medo e prefere cantar. Todos ficam entusiasmados com sua voz e sua afinação. Ela leva o primeiro prêmio e, a partir daí, vários olheiros insistirão junto aos líderes das big bands para contratá-la. Não demora muito para que o baterista Chick Webb a transforme na cantora titular de sua orquestra, uma das mais famosas de então. Ella seria sempre fiel a ele, recusando várias propostas de trabalho.

Durante a segunda metade dos anos trinta sua fama se consolida rapidamente: Rock it for me, A-Tisket, A-Tasket, My heart belongs to daddy são alguns dos sucessos que a catapultam ao topo e faz surgir o título de First Lady of Song (Primeira Dama da Canção). Em junho de 1939, Chick Webb morre e Ella assume a direção da banda, que viria a se desfazer em 1942. Durante o restante da década de 40, o selo Decca Records capitaliza sua celebridade gravando-a em companhia de grupos vocais da moda. Ella também canta com Louis Jordan, Louis Armstrong, Duke Ellington e Dizzy Gillespie, dentre outros nomes famosos. Percorre várias vezes os Estados Unidos e o mundo, encantando a todos por onde quer que passe, até 1957, quando sofre uma crise nervosa por esgotamento. Recuperada, insiste no mesmo estilo desenfreado de apresentações até 1965, quando tem outra crise nervosa. A partir de então, o ritmo de apresentações vai diminuindo, até que que depois de 1975, um ano cheio delas, sua saúde começa a piorar devido a diabetes. Em 1983 faz uma última grande turnê pela Europa.

Em toda a História do jazz, nunca houve uma vocalista com tanto tempo de estrada, com tantos “serviços prestados”. Nenhuma também conseguiu alcançar e manter durante tanto tempo o mesmo nível de popularidade. Ella Fitzgeral morreu aos 78 anos, no dia 15 de junho de 1996, em sua casa, rodeada pela família e por seus amigos.

Ella and Count Basie on special 1979

Ella Fitzgerald:I’ve Got a Crush on You 1979 Montreux

1979 Montreux ‘Round Midnight by Ella Fitzgerald


Ella Fitzgerald with Pearl Bailey and Sarah Vaughan